A crise desencadeada junto a hospitais e usuários do IPE Saúde no estado será tema de debate nesta quarta-feira, 22, às 14h, na Câmara Municipal de Caçapava do Sul. O encontro, organizado pelo Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, instância vinculada à presidência da Assembleia Legislativa, busca ouvir a população, gestores públicos e segurados sobre os problemas que vêm enfrentando e as soluções necessárias que devem ser implementadas pelo governo gaúcho para sanar as dívidas do plano de assistência médica complementar e o restabelecimento completo dos serviços. “Avalio como uma questão de saúde pública e de direito das famílias que pagam mensalmente pelo direito a atendimento, consultas e internações. São mais de um milhão de gaúchos e gaúchas que dependem hoje do IPE Saúde para terem acesso a serviços médicos e que não estão tendo essa garantia”, avalia o presidente do Parlamento gaúcho, deputado Valdeci Oliveira (PT), cuja presença na atividade está confirmada.
Entre os problemas enfrentados pelo IPE Saúde, que acabam refletindo negativamente no atendimento dos usuários, estão o atraso no pagamento aos prestadores de serviço, a defasagem nos valores da tabela, além da receita congelada do instituto, que depende dos valores descontados dos salários dos servidores, que estão há sete anos sem reajuste. Já a dívida do IPE Saúde está na ordem de R$ 1,1 bilhão. O atendimento precário a usuários em busca de informações e esclarecimentos – tanto por telefone como presencial -, junto com a ameaça de descredenciamento de hospitais e médicos, é outra questão que vem causando transtornos aos segurados.
Na avaliação do chefe do Parlamento estadual, caso haja um descredenciamento em massa de unidades de saúde, o resultado imediato será a migração direta de parcela significativa da população para o SUS, que já vem sendo subfinanciado nos últimos anos por conta da Emenda Constitucional 95 (EC 95), que congelou os investimentos em saúde pelas próximas duas décadas. “Precisamos lembrar também que o SUS experimenta, desde 2016, uma perda de recursos gritante. E, além disso, o Sistema vem sendo pressionado há dois anos por conta da pandemia do covid-19 e pela grande procura da população que precisa de tratamento para as sequelas deixadas pelo vírus. Jogar mais um milhão de pessoas no Sistema Único de Saúde não é solução nem para o IPE nem para o SUS, pelo contrário”, acredita Valdeci.