A Cotrisul e o Sicredi Região Centro uniram forças para que 2024 represente uma virada de chave na produtividade das lavouras de grãos na região centro-sul do Rio Grande do Sul. De forma coordenada, as duas cooperativas facilitam a aquisição de calcário e sua aplicação conforme apontam os estudos científicos mais recentes da agronomia mundial.
Segundo o gerente da agência Sicredi de Caçapava do Sul, Breno Stefani, as linhas de crédito para essa ação estão disponíveis desde o começo do ano. Porém é agora, após a colheita da soja, que a demanda deve ser maior.
A cooperativa de crédito oferece linhas de financiamento com juros a partir de 6% ao ano (variando conforme enquadramento) e aceita projetos com prazo de pagamento em até três anos, enquanto a Cotrisul proporciona que seus associados paguem os insumos na safra. Ambas partem da premissa de que o produtor deve receber orientação agronômica através do Departamento Técnico (Detec) da Cotrisul.
Isso porque, embora o uso de calcário na agricultura tenha um histórico de décadas, ainda é preciso suporte para que haja uma mudança de mentalidade. Pesquisas científicas recentes têm demonstrado que as doses recomendadas precisam ser maiores que as usuais – tanto para que se consiga atingir o PH ideal numa camada mais profunda de terra, quanto para garantir a correta absorção de cálcio e outros nutrientes.
“Nós, agrônomos, precisamos fazer um mea-culpa. Por muito tempo recomendamos a aplicação de calcário abaixo do que hoje sabemos que é o ideal e alimentamos um receio de pecar pelo excesso. Hoje sabemos que a realidade é outra”, avalia João Batista Acunha, agrônomo da Cotrisul.
Essa tendência de redução do uso de calcário ganhou força nos anos 1990, com o avanço do Plantio Direto. Há mais de quinze anos, porém, com a agricultura de precisão, começou a avançar o entendimento de que a análise de solo precisa ser mais detalhada – a cada hectare.
Foi a partir desse ajuste da calagem, se chegou a recordes de produtividade na casa de 100 sacos de soja por hectare. Dados da Rede Técnica Cooperativa (RTC) mostram que o cálcio e o magnésio são fundamentais para o desenvolvimento das raízes e que a calagem precisa atingir camadas mais profundas.
Este, justamente, é o desafio pessoal assumido pelo pequeno produtor rural Nilson da Rosa Ilha. Ele conta que usa calcário a muitos anos e já chegou a colher 70 sacos por hectare, mas quer chegar aos 100. Por isso, foi um dos primeiros a aderir ao programa.
“O ph das minhas áreas está perto de 5,5. Quero manter entre 6,5 e 7. Por isso fiz o financiamento para comprar mil toneladas de produto, que será aplicado nos próximos três anos de acordo com a orientação dos agrônomos. Se o solo está corrigido, a planta produz bem tanto com seca, quanto com chuva e resiste ao veranico” afirmou.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Calcário no Rio Grande do Sul (Sindicalc-RS), Carlos Cavalheiro, estima que o programa das cooperativas tem potencial de dobrar o consumo do produto na região. Para ele, será um resultado importante para todos, já que segundo cálculos da entidade, a cada real investido no calcário, quatro reais retornam em ganho de produtividade.
“Há, ainda, ganhos ambientais, pois o calcário é um produto natural que permite produzir mais sem abrir novas áreas, e de saúde, pois os alimentos colhidos em áreas corrigidas são mais nutritivos, o que beneficia toda a população”, concluiu ele.
Ação conjunta entre Cotrisul e Sicredi une orientação técnica e financiamento para aplicação de calcário de acordo com parâmetros agronômicos atuais