Texto e fotos: William Brasil
Adrya da Silva Marques, de 18 anos, é a primeira mulher trans moradora de Caçapava do Sul a fazer a solicitação de alteração de nome social. Nascida no município, em 10 de dezembro de 2000 como Adryan Silva, a filha do meio de Luciane da Silva Marques, recebeu na sexta-feira passada (18) a nova Certidão de Nascimento e RG com nome social.
“Estou muito feliz em poder ter em documento a identidade que me identifico que é do sexo feminino. Fazia tempo que procurava entender o funcionamento dos documentos para fazer esta alteração. Procurei o vereador Caio Casanova, amigo da família e que, com carinho e respeito me indicou o Stener e a Prefeitura, e ambos, me auxiliaram a realizar este sonho”, disse a Jovem.
O Assessor Superior do Gabinete, Stener Camargo, que foi responsável por levantar toda a documentação e acompanhar Adrya no Cartório de Registro Civil e a troca da documentação comemorou:
“Gostaria de lembrar que o Brasil é o país onde mais morrem LGBTQIA+ por crime de LGBTFOBIA. A cada 19 horas um LGBTI morre no país, desta forma, o Estado Brasileiro tem obrigação de criar políticas públicas de proteção e garantia de direitos a essa população. Em 2018 foi publicado uma nova normativa simplificando o procedimento de troca do nome social nos cartórios de registro e, em 2019, o STF tornou crime a lgbtfobia, mas, ainda assim, precisamos de mais políticas públicas de inclusão social, como oportunidade de empregos, por exemplo. E, como representante da Prefeitura, que criou recentemente já a Coordenadoria de Promoção de Igualdade Racial, ajudar a Adrya e pensar em estender a Igualdade de Gênero, se faz necessário”, frisou Stener.
Adrya disse que aos 13 anos percebeu traços de feminilidade e que com a ajuda da mãe, e com tratamento com psicólogo, para entender essa mudança de gênero, ela descobriu quem queria ser.
“Quando criança, isso me assustou. Mas eu percebia que era diferente, que não era aquela pessoa (o menino Adryan). Agora sei quem sou e tenho orgulho disso”, disse a jovem que disse que, apesar da mudança de gênero, o Adrian nunca vai deixar de existir:
“Como homem eu jamais iria ser feliz. O Adrian nunca vai morrer, pois foi o nome que minha mãe escolheu. Apenas o gênero masculino deixou de existir e deu lugar para a Adrya, desde os 13 anos para cá. A minha essência e caráter são o mesmo”, falou a jovem que fez tratamento com hormônios neste ano para ganhar mais traços de feminilidade e que disse ter interesse de fazer futuramente a cirurgia de resignação sexual.
Apesar de já ter sofrido preconceito por ser trans, Adrya disse que sempre teve o apoio da família e que hoje as pessoas a respeitam devido sua postura. Ela disse também que as pessoas têm aceitado mais a população LGBTQIA+.
“Todos nós temos o direito de ser quem somos”, disse a jovem que se inspira na mãe e amigos que a acolheram e que também está em busca de emprego. “Quero muito trabalhar, ter meu próprio dinheiro para comprar minhas coisas. Esses documentos vão ajudar também, pois era ruim e entregar um currículo como Adryan e na entrevista chegar a Adrya”, disse.
De acordo com a registradora Designada do Cartório de Registro de Caçapava do Sul, Monscirrac Martins Moraes Do Amaral, duas trans já haviam feito o pedido de mudança de nome social e conseguiram a nova documentação com a identificação do gênero Masculino, porém elas não residem em Caçapava do Sul.
A escrevente Thais Lima Zago recolheu os documentos para aferição e frisou a importância de se divulgar o procedimento: “O cartório faz uma lista com os documentos necessários para que possamos alterar os documentos com o novo nome social do requerente. Há uma taxa a ser paga, mas ainda é garantido a gratuidade, basta preencher uma ficha de avaliação socioeconômica”, explicou.
Quem tiver interesse em efetuar a troca de nome social ou saber mais como funciona, pode entrar em contato com o cartório pelos telefones (55) 3281-2270 e 9.9617-2502.