Pesquisadora propõe usar farelo de mamona destoxificado em substituição do farelo de soja
Um projeto inédito realizado na Embrapa Pecuária Sul, em parceria com Laboratório Pastos e Suplementos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e com a Cotrisul está avaliando a adequação e a segurança do uso de farelo de mamona como substituto do farelo de soja para alimentar bovinos, independentemente se criados a campo ou confinados.
O experimento de tese de doutorado “Uso seguro do farelo de mamona como alimento para animais ruminantes e para a redução das emissões de metano entérico”, conduzido pela estudante de Pós-Graduação em Zootecnia e Mestre em Produção Animal, Bruna Fernandes Machado, utiliza 20 fêmeas da raça Brangus de um ano de idade, divididas em quatro grupos de cinco animais, com acesso à alimentação disponível em seu respectivo tratamento. Cada animal tem um chip de identificação implantado na orelha, que libera a entrada ao cocho somente do animal previamente cadastrado.
Segundo Bruna Machado, já existem trabalhos com pequenos ruminantes sem efeitos nocivos quanto à dieta composta por farelo de mamona, mas é a primeira vez que trabalha com essa dieta em bovinos. “Nossa ideia é ter condições adequadas e seguras do uso de farelo de mamona, em escala industrial, como fonte de proteína na composição da dieta de ruminantes, além de testar o seu potencial como mitigador da emissão de metano entérico, avaliar o consumo e a digestibilidade”, diz a zootecnista.
Destoxificação, palatabilidade e consumo
O farelo de mamona é um produto gerado a partir da extração da mamona. Originalmente apresenta em sua composição a ricina, um componente tóxico. No entanto, a destoxificação industrial possibilita seu uso em dietas, além de ter grande potencial de nutrição para os ruminantes, principalmente por conter teor de proteína bruta de até 45%.
Para a condução da pesquisa, a fábrica de rações da cooperativa Cotrisul (de Caçapava do Sul), desenvolveu um produto específico: o Experimento Ração Cotrisul Mamona. De apresentação farelada, facilita a identificação dos grãos usados na formulação da dieta, favorece a palatabilidade e estimula o consumo. Essa mistura de ingredientes triturados em partículas pequenas mantêm a mamona em sua forma original em substituição do farelo de soja e permite que o animal tenha uma rápida digestão e absorção dos nutrientes.
Para a zootecnista da Cotrisul, Evellyn Lemos Scherer, a parceria de longa data entre a Embrapa e a Cotrisul facilita a realização de experimentos como esse, que são ótimas alternativas para desenvolver pesquisas e pessoas – além de identificar alternativas que aprimoram a atividade pecuária.
Créditos: Bruna Machado