A convite da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Coordenadora Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Caçapava do Sul, Cátia Cilene Morais Dutra, participou de dois importantes momentos na programação da semana “(Des)cobrindo os Notórios Saberes: o encontro com a interculturalidade”, promovida em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi).
Na segunda-feira (10), Cátia acompanhou o mestre de cultura popular Francisco Acimar Nunes, o Tio Cida, durante a apresentação do “Grupo de Dança Afro Clara Nunes” na recepção dos calouros, que fez a abertura do evento com performances das músicas “Feira de Mangaio”, da artista que dá nome ao grupo, e “Ela É Oya”, de Sandro Luiz. A apresentação levou ao público a força da cultura afro-brasileira, destacando a importância de sua valorização dentro do ensino superior.
Já na terça-feira (11), a coordenadora participou da mesa de debates, onde integrou a discussão sobre o Projeto de Lei dos Notórios Saberes, legislação que reconhece e valoriza os conhecimentos tradicionais e populares. Na ocasião, a comitiva de Caçapava do Sul formada também por Tio Cida, Fernando Lopes, Rosimar Moraes e Adel Simão Ferreira, presentearam o professor José Jorge de Carvalho, da UNB, pioneiro na criação de políticas afirmativas na academia.
O docente ganhou os livros “Clube Recreativo Harmonia: um espaço de resistência no Rio Grande do Sul”, com artigos de vários autores negros de Caçapava e região, que busca promover a preservação do patrimônio e do acervo da entidade, bem como o reconhecimento da contribuição da cultura de matriz africana na construção da identidade cultural de Caçapava; “O Sopapo Contemporâneo – Um Elo com a Ancestralidade”, do pelotense José Batista – cabe destacar que em Pelotas e em Caçapava do Sul, o Tambor de Sopapo é reconhecimento por lei como patrimônio imaterial dos municípios –; e uma camiseta do espetáculo de Dança Afro “Estrelitzia: Clara Nunes Vive”, que deve acontecer em abril, em Caçapava do Sul.
O evento também contou com a presença do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Instituto de Formação e Ação Indígena (IFAI).
Conforme divulgado pela Assessoria de Comunicação da UFSM, a semana (Des)cobrindo os Notórios Saberes tem como objetivo central reconhecer e valorizar os saberes tradicionais e interculturais, promovendo o diálogo entre a academia e as comunidades detentoras desses conhecimentos. Entre os dias 10 e 14 de março, a programação inclui exposições artísticas, apresentações culturais, seminários, debates e oficinas, abordando temas como a curricularização da extensão, a Educação das Relações Étnico-Raciais (Erer) e a estruturação do Encontro de Saberes na universidade.
Sobre a importância do evento, Cátia Cilene destacou:
“A participação trouxe a cultura negra e os saberes tradicionais para um lugar de visibilidade e atenção, principalmente dentro do ensino superior, após termos tido no ENEM um tema com centralidade na cultura afro-brasileira. E também foi uma oportunidade de intercâmbio, considerando que a universidade acolhe alunos de diferentes territórios.”
Ela ainda ressaltou: “Estarmos na abertura do Ano Estudantil da UFSM consolida a importância de reconstituir a história da comunicação negra.”
