Agrônomos da UFSM abrem trincheira para análise em lavoura de Caçapava do Sul
Apesar de frequente na literatura agronômica, a correlação de fatores como o nível de acidez do solo, a profundidade das raízes e a densidade de plantas ainda é pouco analisada em lavouras comerciais. Porém, essa avaliação poderia indicar que motivos afastaram a produtividade real do potencial da área.
Com essa premissa, a competição Soybean Money Makers, idealizada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), chegou à sua quinta edição. Nela, as equipes técnicas competem para entender com maior assertividade o papel de cada fator e ajudar a determinar as melhores práticas para as diferentes regiões produtoras.
Em 2025, uma área na localidade Santa Bárbara, em Caçapava do Sul, entrou na lista das 154 lavouras, de três países latino-americanos, que serão analisadas pelo programa. A trincheira, que permitiu a retirada de amostras em diferentes níveis de profundidade, foi aberta na terça-feira, 11 de março, 40 dias antes da data prevista para o início da colheita.
A operação foi conduzida por membros da equipe Field Crops (formada por alunos de graduação e pós-graduação em agronomia, na UFSM) e acompanhada de perto pelos integrantes do Departamento Técnico da Cotrisul. A lavoura pertence a uma associada da cooperativa caçapavana e os dados ajudarão a melhorar os cultivos de toda a região.
“As edições anteriores do Soybean Money Makers já permitiram atualizar dados e subir a curva ótima para o PH do solo”, exemplificou Pedro Vendruscolo, que é aluno do doutorado e liderou os trabalhos. Ele estima que os primeiros resultados sejam divulgados entre o final de maio e o começo de junho.
Emerson Wendt, gerente responsável pela lavoura, pondera que os solos da região são diferentes de outras áreas produtoras de soja. “A rigor, a trincheira deveria ser aberta com um metro e meio de profundidade. Mesmo com a retroescavadeira, a partir dos 80 centímetros, começamos a ter dificuldades e conseguimos chegar só a um metro”, disse. Nessa lavoura (e, de modo geral, em todo o Estado), Wendt acredita que o clima responde pelo maior volume de perdas. Desde o plantio, em 23 de novembro, a precipitação acumulada, ficou abaixo dos 300 milímetros. “Mas o fato é que, ano a ano, a produção fica mais complexa e a pesquisa pode nos ajudar a melhorar outros fatores, como o manejo. Isso é muito importante na construção de bons resultados”, avaliou.
