VIDA OFF-LINE

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Isolda tinha adquirido um hábito que primeiro parecia inocente, depois uma dependência, vivia online com suas redes sociais, além do Whatsapp, o dia todo. Num dia comum, Isolda se encontra com Alice, uma amiga que não via há anos, toda feliz, falando da viagem que tinha feito há pouco, um sonho acalentado há mais de quinze anos, um tour na Europa que incluía: Portugal, Espanha, Inglaterra e por fim a Itália, que durou vinte e cinco dias.
E logo Isolda pediu à amiga que a adicionasse em suas redes sociais, para que pudesse ver as fotos e como poderia também fazer uma viagem parecida. Para sua surpresa, ela responde bem direto à amiga: – Não tenho rede social. Também não fiz qualquer registro de foto. A viagem foi algo quase espiritual, me reencontrei naqueles dias pela Europa.
Ainda falou mais coisas a Isolda: – Tu sabes, estou te observando desde que começamos a conversar, eu também tinha este hábito. Sempre conectada, mil mensagens, aplicativos de consulta, vida basicamente virtualmente controlada. E abandonei tudo num pico grande de estresse que tive. Isso me libertou de muitas coisas, inclusive crises de ansiedade, insônia, palpitação.
O que parecia que Alice tinha tocado num ponto chave que estava sendo sentido por Isolda: toda sua vida, plugada num aparelho e, principalmente, nos aplicativos e redes que tinha, sem ter mais o prazer de simplesmente viver o momento, sem intrusos presentes. Combinaram de marcar algo depois e foi para casa tocada nesse sentido. Isolda começou a se sentir mal quando qualquer mensagem surgia, nem tinha mais tanta vontade de pesquisar ou ficar grudar naquele aparelho.
Dias depois, com uma ideia fixa, marcar uma viagem não igual à amiga, há um destino que sempre sonhou, mas vinha adiando por vários motivos. E falou com sua agente de viagem quanto custaria vinte dias pela Indonésia, só que detalhe, sem conexão com o mundo exterior e qualquer registro do que acontecesse naqueles dias.
Trinta dias após chegar, Isolda se encontra com Alice num pequeno bistrô. Vão tomar um chá gelado com alguns salgados e duas fatias de torta de morango com nata, bem gelada, carro-chefe daquele lugar. E as amigas conversando, Alice comenta: – Tu estás mais leve, parece outra pessoa, o que aconteceu contigo?
Isolda responde: – Vi a qualidade de vida que tu tinhas, me inspirei na nossa última conversa, cheguei a pouco da Indonésia. Uma viagem espetacular que tinha sonhado a minha vida toda. E abandonei totalmente qualquer rede social e isso fez um bem danado para mim.
Alice comemora a decisão da amiga, elas saem do bistrô após horas conversando, sem fotos ou celular, importunando e qualquer rede social interrompendo aquele momento. O tempo voou, as duas nem viram, mas a qualidade de vida daquelas mulheres era outra que era vista porque quem as conhecia, seja no trabalho ou em rodas de amigos, saíram toneladas não vistas. Isso somente aconteceu quando tomou a decisão de uma vida mais of-line, longe das correntes que as prendiam ao mundo totalmente tecnológico em que estavam inseridas. Será que isso também não podemos colocar em prática em nossas vidas?

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