Hoje, fugindo dos textos habituais, falarei um pouco da realidade e não da ficção. Poucos dias atrás, um amor de cachorra nos deixou, querida por muitos, presente em vários momentos na vida de pessoas da nossa cidade.
Essa Senhorinha não sabia o impacto que tinha e nem dava bola para sua popularidade. Como muito dos animais de rua tinha uma história inicial meio triste, que parece que não vivia feliz num aviário em outra cidade, trazida para a alegria de nós, Caçapavanos por um caminhoneiro.
Adotada por um posto de gasolina, pegou o apelido de “Maria Gasolina” por andar de carro com quem lhe dava carona. Frequentava salas de aula, estabelecimentos bancários, o comércio local, festas, se achava meio jurista e entendia que nos tempos finais era de folhagens e plantas.
Sabia bem as casas que chegava, cumpria seu horário de serviço, chegando pontualmente às 9h e sabendo a hora de sair, que era 18h. Higiênica não fazia sujeira nenhuma em casa, acoava quando se sentia muito apertada, dificilmente descumpria esse quesito. Quem disse que não era inteligente, não a conheceu! Tomava café da manhã em uma de suas mamães, com direito a ração especial e fígado cozido. Adorava um sofá antigo, amiga dos tapetes. Conhecia seus afetos mais próximos pela voz e abanava o rabo.
Sumia às vezes, depois aparecia, mas lutava pela sua liberdade. Quando entrou em regime e a coleira era para avisar não darem lanche, logo se viu livre do que lhe aprisionava. Passou alguns apuros, sobreviveu a todos, com a ajuda dos que a cuidaram, sejam os profissionais médicos veterinários, que a tratavam com carinho e seus mais queridos protetores.
Partiu como um anjo bom, cercada de amor e carinho pela semeadura que fez nessa terra. Diziam que não gostava de gatos, mas nos últimos tempos estava cheia de chamegos com Timóteo, que a mimava, e Aristóteles, que gostava da sua presença. O Preto era mais distante, mas gostava da sua presença em casa.
Nos deixou o maior legado que um ser humano às vezes não consegue ter nessa terra: o exemplo do verdadeiro amor. Quem não se derretia nos dias mais atribulados ao topar com ela, dar um carinho, tirar uma selfie, dar uma voltinha de carro com a nossa Xuxa? De sorriso largo, focinho gelado, um pelo lindo e cheio de enfeites quando ia para o pet, que arrancava logo que chegava em casa.
Saudades, Mimosa! Assim como você tem vários peludos querendo um lar que os acolha e retribua tanto amor que deixou para nós. Jamais esquecida, sempre será lembrada, nossa amada Xuxa ou Xuxinha para alguns. Vai, minha linda, que papai do céu te recebeu de braços abertos!
