A Bandida e o Atacado

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Aquela propriedade nunca mais foi a mesma. A culpa disso foi a chegada da Bandida, assim ficou seu nome, mas no decorrer da história vamos descobrir por que ela ficou em definitivo com esse nome. De pelo mestiço, estava muito gordinha, mas já o dono descobriu o motivo. Numa manhã de sábado, vai ao galpão e a encontra toda faceira, com seis filhotes: dois, a cara da mãe, eram fêmeas e mais os quatro machos, devem ter puxado o pai, esse de paradeiro ignorado. Foram três meses de corridas e cuidados com aquela tropinha. Que mobilizou tanto Seu Alberto, Dona Marisa e as gurias Marcela e Isabela, cuidando dos filhos da Bandida.
Chegou a hora difícil de doar cinco dos filhotes e separar a mãe dos filhos. Marcela e Isabela ficaram numa choradeira só e a cachorra do mesmo modo, sem saber ao certo o que estava acontecendo. Mas tudo encaminhado para os vizinhos, gente do bem que cuidavam daqueles filhotes com bastante zelo.
Bom, passado o tempo, Bandida se adaptou à nova fase, só tinha de cuidar do Atacado, pelo bem escuro, mas o corpo e jeito de ser puxou a cachorra, só o medo que tinha, esse realmente não era o da mãe. Não se podia ligar um aparelho na propriedade, que fosse o trator, a máquina de aparar o mato, a motosserra, o Atacado sumia e só iam às gurias encontrar ele tremendo de medo escondido no galpão da sede. Aquilo já era piada, ficaram com o mais medroso dos filhos da Bandida e o objetivo era que o filho cuidasse da propriedade. Só tinha uma vantagem: dengoso, deitava e rolava com as gurias, entretinha na volta da escola.
Mas, bom se responder porque a mãe teve esse nome tão forte, já que Bandida era uma cachorra cheia de classe, atenta, parecia que dormia com um olho aberto e outro fechado, fiel escudeira para lida do Seu Alberto, nem quando tinha de dar de mamar para os filhotes deixava seu posto, muito trabalhadora.
É que num certo dia, o vizinho Seu João chegou sem avisar na propriedade e aquilo virou piada por meses entre o povoado que cercava ali. Achando que podia entrar sem pedir licença ou avisar, desceu da caminhonete e logo abriu a porteira. Sem ter conhecimento da Bandida, ela deu um corridão, ainda deixou marca dos dentes em uma das pernas do vizinho e só soltou porque Seu Adalberto estava chegando da lida e deu uma bronca séria na cachorra. Passado o susto, a conta do hospital, as vacinas que o vizinho tomou, aprendeu a lição e foi se desculpar com o vizinho. Chega Seu Adalberto com vergonha do que a cachorra fez, triste que também não queria separar o animal das filhas, a qual é o xodó da casa. O vizinho João, mais que imediatamente não dá caso da situação, só disse uma palavra que virou o nome da cachorra: – Olha, vizinho, aquele dia passei apuros, a tua cachorrinha é brava, parece uma bandida. Não quero que tu te desfaças do animal, bicho assim fiel e que cuida da propriedade é raro. Só te digo que te visito, aviso e só desço da caminhonete se aquela bandida estiver atada.
E não é que o nome pegou, de Belinha que as gurias colocaram inicialmente, era pouco chamado e ela parece que gostou mais de ser chamada de Bandida. Ela e o Atacado, seu filho, cuidam da propriedade com bastante zelo. Bom, resumindo a história, ninguém entra sem permissão, todos têm medo da Bandida e o Atacado que era para seguir o exemplo da mãe, só é respeitado porque tem ela por perto.

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