O SOCORRO INESPERADO!

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Antônia precisava muito ir naquele final de semana à pequena propriedade de seus pais, tinha de buscar documentos, roupas, pois estava de mudança para outra cidade. Fazia tempo que sonhava entrar num curso muito concorrido e ficou em terceiro lugar e estava no prazo final até segunda para fazer a inscrição. Então pensou: “Saio sexta-feira bem tranquila do trabalho, passo sábado e domingo com o pai e a mãe, mato a saudade e depois retorno para a mudança em definitivo.”
Aquilo seria um divisor de águas necessário que há tempos almejava e estava numa ansiedade só em começar. Foi no posto que pediu para o frentista revisar o óleo, a água, completar o tanque com gasolina, calibrar os pneus.
Estrada movimentada, tempo de colheita, colocou sua playlist de músicas de viagem e começou a cantarolar as que mais gostava. Muito trânsito, mais uns 15 km de estrada de chão batido, até chegar à propriedade de seus pais.
Numa curva, sente algo estranho no carro, parecia mais instável e, com sacrifício, estaciona. Verifica, sem entender muito de mecânica, parecia que o pneu traseiro do lado do motorista não estava no aro, mas estava mais baixo que os demais, ou seja, furado. Pede ajuda aos motoristas que passam e ninguém para, resolve entrar no carro e dar mais uma andada, para ver se encontrava um borracheiro naquela localidade.
Foi aí que se viu dirigindo sem estabilidade alguma, infelizmente o pneu acabou esvaziado de vez e ficou somente no aro. O jeito foi estacionar o carro e buscar ajuda. Logo se depara com um painel iluminado, ainda longe não conseguia visualizar, aliviada que ali teria alguém nem que seja para chamar socorro. Visto que até a bateria do seu celular descarregou e nem tinha levado seu carregador para carregar no carro. Se aproxima do local, vendo alguns carros chegarem e, com muita vergonha, se dirige a um senhor que está numa cabine central: – Boa noite, gostaria de uma informação?
Logo o Seu Juvenal se adianta e já responde: – Boa noite! Não tem problema, moça! Veio a pé. Em que nome está a reserva?
E ela imediatamente respondeu: – Eu não tenho reserva aqui!
Ele então muda o tom: – O que posso lhe ajudar então?
E ela descreve o problema, que o seu carro está com o pneu furado há alguns quilômetros dali e que precisa do telefone ou de alguém de uma borracharia para efetuar o conserto.
O Senhor logo sinaliza que nas proximidades daquele Motel, não tem nenhum borracheiro. Mas sabe do Jacinto que é mecânico e poderia ajudá-la naquele horário. E deixa ela entrar na cabine para fazer a ligação, não tinha celular, somente telefone convencional e também poderia ligar para sua mãe, ver se o seu pai pegava a caminhonete e vinha em seu socorro.
Aquela noite rendeu, a esposa do Seu Juvenal trouxe uma sopa quentinha com pão caseiro para ela, junto com um cafezinho com leite enquanto aguardava o mecânico e seu pai chegar. Cada carro que chegava e Seu Juvenal atendia, Antônia ficava roxa de vergonha, porque muitos eram seus conhecidos e não tinha como explicar o porquê de estar na guarita daquele Motel.
Chega o socorro, vão ao local consertar o pneu, ela se despede de seu Juvenal e esposa. Na chácara, conta detalhes do acontecido à sua mãe e antes ao seu pai, preocupada com o que iriam falar dela. E eles, bem francos, dizem para ela: – Olha, filha, nós mesmos ficamos surpresos quando tu nos ligaste e disseste onde estavas! Imagina o povo, que não sabe que era por um pneu furado! E leva isso de lição: Tu não deves explicação alguma do que tu fazes na tua vida, és maior de idade e ajuda por vezes temos onde menos se espera.
Agora ela passa no Motel quando visita os pais, chega na volta e deixa uma cuca, um doce de figo ou abóbora que sua mãe manda ao seu Juvenal e esposa, agradecida por terem ajudado ela. Desencanada, nem dá bola se alguém vê o seu carro estacionado na porta do Motel local, sabe que ali tem pessoas prestativas que foram mais diligentes que o pessoal da estrada que implorou ajuda naquela noite que passou sufoco com seu carro. Mas isso Antônia só aprendeu quando se viu sozinha à noite e o socorro veio de um local inusitado e a ajuda generosa de onde menos esperava, igual seus pais a ensinaram.

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