A Metade Sul x Metade Nortedo RS, entenda a diferença

Colunistas Geral

Vamos entender a divisão do RGS entre Metade Sul x Metade Norte. Enquanto a Metade Sul era a Rica, com as melhores terras, história e reservas minerais a Metade Norte onde nada existia a não ser morros e matos se tornou a Região mais rica. Vamos tentar explicar resumidamente os motivos do sucesso de uma e do fracasso de outra.


A Serra Gaúcha é o lar da Imigração Europeia e a Pequena Propriedade:
-A partir de meados do século XIX, a metade norte do estado recebeu um fluxo intenso de imigrantes europeus, principalmente alemães e italianos, mas também poloneses, ucranianos, entre outros.
-Esses imigrantes foram assentados em pequenas propriedades rurais, muitas vezes em terras de menor valor inicial (regiões de serra e planalto).
-Com uma forte cultura de trabalho familiar, cooperação e diversificação produtiva, eles transformaram as pequenas propriedades em unidades altamente eficientes. A terra, que antes era “mato e morros inabitados”, foi desbravada e cultivada intensivamente.


Na Metade Sul: O Latifúndio e a Pecuária Extensiva:
-A metade sul, desde os tempos coloniais, foi marcada pelo sistema de latifúndio e pela pecuária extensiva (criação de gado para corte e lã). As estâncias, muitas com milhares de hectares, empregavam pouca mão de obra em relação à sua extensão.
-Essa estrutura agrária não favoreceu a diversificação econômica nem o adensamento populacional. A riqueza gerada pela pecuária, embora vultosa em certos períodos, não se traduzia em ampla distribuição de renda ou no surgimento de indústrias de transformação localizadas.
-A cultura do latifúndio e da pecuária extensiva, embora histórica e tradicional, tendia a ser menos dinâmica e a absorver menos inovações tecnológicas e sociais comparada à pequena propriedade diversificada.


Diversificação Econômica e Industrialização – Metade Norte: Da Agricultura à Indústria:
-A diversificação produtiva na pequena propriedade da metade norte levou ao surgimento de agroindústrias (vinícolas, laticínios, embutidos, etc.), que agregavam valor à produção primária.
-A necessidade de ferramentas, equipamentos e bens de consumo para a crescente população e as indústrias locais impulsionou o desenvolvimento de outros setores, como metalurgia, moveleiro, têxtil e calçadista.
-O modelo cooperativista, muito forte entre os imigrantes (principalmente alemães e italianos), fortaleceu o associativismo e a capacidade de investimento coletivo, facilitando o acesso a mercados e tecnologias.


Metade Sul: Predomínio da Atividade Primária:
o A metade sul permaneceu predominantemente dependente da pecuária e, posteriormente, da agricultura de commodities (arroz, soja). Essa dependência de poucos produtos a tornou mais vulnerável às flutuações de preços internacionais e menos incentivada à diversificação e industrialização local. Os filhos ficava esperando os pais morrerem para receberem as heranças e com isso não buscavam construir novas riquezas.


Capital Social e Desenvolvimento Humano – Metade Norte: Educação, Cooperação e Empreendedorismo:
-Os imigrantes trouxeram consigo uma forte ética de trabalho, valorização da educação e um alto grau de associativismo e cooperação (sociedades, cooperativas, igrejas, escolas comunitárias).
-Essa base social sólida resultou em indicadores sociais (educação, saúde) superiores e em um ambiente propício ao empreendedorismo, à inovação e ao reinvestimento do lucro na própria região.
Em resumo, enquanto a metade sul do Rio Grande do Sul manteve uma estrutura socioeconômica ligada à sua herança colonial e rural (latifúndio, pecuária extensiva), a metade norte foi palco de uma transformação profunda impulsionada pela imigração, pela pequena propriedade, pela diversificação agrícola, pela forte cultura cooperativista e pelo surgimento de uma base industrial.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *