O dólar americano se consolidou como a moeda mais forte e a principal moeda de reserva e transação global por uma combinação de fatores históricos, econômicos e políticos que se fortaleceram, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Vou trazer alguns desses fatores.
Acordo de Bretton Woods (Pós-Segunda Guerra Mundial): Em 1944, com grande parte da Europa e da Ásia devastadas pela guerra, os EUA emergiram como a principal potência econômica e industrial. O Acordo de Bretton Woods estabeleceu um sistema monetário internacional onde as moedas de muitos países eram atreladas ao dólar americano, e o dólar, por sua vez, era conversível em ouro a uma taxa fixa. Embora esse sistema tenha sido abandonado em 1971, ele cimentou a posição do dólar como a moeda de referência global, criando uma inércia que perdura até hoje.
Tamanho e Estabilidade da Economia Americana: Os EUA possuem a maior economia do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB), o que confere uma escala e diversidade que poucas outras economias conseguem igualar.
Profundidade e Liquidez dos Mercados Financeiros: Os mercados financeiros dos EUA (bolsas de valores, mercados de títulos, etc.) são os maiores, mais profundos e mais líquidos do mundo. Isso significa que é fácil comprar e vender grandes quantidades de ativos denominados em dólares sem grandes flutuações de preço.
Papel como Moeda de Reserva Global: Bancos centrais e instituições financeiras em todo o mundo detêm grandes quantidades de dólares como parte de suas reservas cambiais. Isso se deve à sua confiabilidade, liquidez e ao fato de ser amplamente aceito para pagamentos internacionais.
Status de “Ativo de Refúgio” Seguro: Em tempos de incerteza econômica global, crises financeiras ou geopolíticas, investidores e nações tendem a procurar a segurança do dólar americano e dos títulos do Tesouro dos EUA. Isso reforça a demanda pelo dólar e sua posição de força.
O que a economia americana tem que não tem na China ou em outros países para manter o
dólar confiável? Embora a China seja uma potência econômica crescente e sua moeda, o yuan, tenha ganhado alguma relevância, existem diferenças fundamentais que sustentam a hegemonia do dólar:
-Mercados Financeiros Abertos e Livres: Os EUA têm mercados financeiros com poucas restrições de capital, permitindo o livre fluxo de investimentos. A China, por outro lado, mantém rigorosos controles de capital, o que impede a livre convertibilidade do yuan e limita sua atratividade como moeda de reserva global para muitos investidores que buscam liquidez e flexibilidade.
-Independência do Banco Central: O Federal Reserve (Banco Central dos EUA) é amplamente percebido como uma instituição independente do governo, tomando decisões de política monetária com base em objetivos econômicos, e não em diretrizes políticas diretas. Isso aumenta a confiança na previsibilidade e na solidez da política monetária americana. Na China, o Banco Popular da China é explicitamente subserviente ao Partido Comunista Chinês, gerando preocupações sobre a interferência política.
-Estado de Direito e Transparência: Embora a China tenha avançado, a percepção global ainda é
de que o sistema jurídico americano é mais transparente, previsível e garante melhor os direitos de propriedade e contratos em comparação com o sistema chinês, que pode ser mais opaco e sujeito à vontade política.
