Dois homens e suas histórias de vidas opostas: um frequentou os bancos acadêmicos, sempre teve à disposição as melhores escolas. Segundo seus pais, assim se tornaria um homem honrado e bem-sucedido na vida. O outro teve de abandonar cedo os estudos, ajudar sua mãe que ficou viúva e criar as duas irmãs menores.
Uma palavra desconhecida do vocabulário de Antenor, que surgiu numa conversa com João, seu melhor amigo: – Você é autodidata? E ele não soube responder! Mas, no final, seguimos essa conversa. Primeiro vamos entender esses mundos.
Diferente da história de vida de João, o caminho traçado por Antenor foi em outra via. Não frequentou a faculdade, muito menos a escola de fato. Pois somente pôde ficar em aula até a sexta série. E isso se fez na vida. Dizia que: “Tenho como meu Mestre e Guia: a força do braço e as experiências deixadas de vida do meu pai e avô!”.
A vida de Antenor se passava desde a infância junto à propriedade rural da família, sempre foi mais focado em ajudar seus pais nas atividades, não tinha muita ligação com a escola. Com doze anos, a sua primeira perda familiar, que abalou sua estrutura, foi a morte repentina de seu avô José. Passou mais um tempo, quando estava para completar seus quinze anos, seu pai Alberto morreu. E se viu com estas tragédias familiares, sem poder frequentar mais os bancos escolares.
Tinha mais duas irmãs menores: Joana e Clara, e sua mãe, Ana, que sozinha, não conseguia tocar a pequena propriedade da família. Então, desde cedo sabia que teria de contar com os ensinamentos deixados pelo seu avô e pai.
O amadurecimento de Antenor para enfrentar a vida era algo de surpreender. Montou desde cedo sua equipe de trabalho e sua própria forma de tocar o negócio familiar que cresceu frente à sua administração.
Diferente da história de João, o amigo letrado, formado em cinco faculdades. Que sempre alardeou que não queria assumir nada da empresa dos pais. E sobrevivia dos proventos que tinha de aluguéis da família e nada de produtivo existia de fato na sua vida.
Voltando ao início desta conversa, Antenor, mesmo não sabendo de fato o que significava ser autodidata, falou com o amigo, na simplicidade que norteava sua vida:
João, admiro você ter estudado! Mas, sabe que eu não tive a mesma sorte. Foi no trabalho pesado para ajudar a mãe e as gurias que me envolvi.
O amigo responde:
Sabe, Antenor, valorizo meus estudos. Mas sei que não soube tocar direito minha vida. Tua força, coragem e determinação fizeram a diferença para estar bem como está hoje. E creio que isso veio das dificuldades e tuas perdas.
Passado o tempo, os dois amigos ainda conversavam muito, trocando suas aprendizagens. Antenor se matriculou num curso inicial de gestão para aperfeiçoar ainda mais seus negócios. João, em contrapartida, começou a ter mais coragem de ir em busca de seus sonhos e se desvinculou de sua família. E, de fato, começou a partilhar seus conhecimentos recebidos em suas faculdades ministrando aulas. O padrão de vida de João não era o mesmo. Antenor já colhia os frutos de todo seu esforço de anos no trabalho duro nas terras de sua família.
A amizade só se fortaleceu e não importava mais quem era autodidata ou letrado. Ali se viam dois homens com rumos distintos de vida, que resolveram trocar de fato suas vivências na verdadeira escola: a da vida!


