A viagem

Colunistas Geral

João havia programado uma viagem curta, nada extraordinário, mas precisava descansar, nem que fosse por três dias. O trabalho estava exaustivo, não estava dando conta e nem indo todo dia com a mesma gana de antes. Essa sua viagem não era para a praia, era para uma cidade pequena, que ficava a cerca de três horas da sua cidade. Queria ver gente estranha ao seu círculo social, arejar a mente, não falar e nem se conectar a nada vinculado a seu trabalho.
Chegou o dia, colocou algumas roupas numa mochila e pegou a estrada. No primeiro local que parou, foi tomar seu café. Nisso, senta ao seu lado um senhor falante, com muito mais idade, e logo puxa assunto.
E João para si: “Eu saí para buscar paz e silêncio e agora isso!” E aquele Senhor insistia bem-humorado, perguntando da vida de João e falando da sua, inclusive para onde estava indo. Mas, antes de se despedir, ele disse algo:
— Vi que tu és muito quieto, olha, eu já fui assim. Mas aprendi que todos que passam em nossas vidas têm algo para nos dizer. E senti de falar algo para ti, posso?
E João, já entediado do humor e disposição daquele senhor, concordou, só para ser educado e ver se ele fosse embora de vez e parasse de falar.
E aquele Senhor disse:
— Quando cheguei para tomar meu café, uma voz na minha mente disse: “Senta ao lado daquele homem, ele parece bem, mas está perdido na vida”. Só diz para ele: a resposta que ele busca para sua vida vai encontrar nessa viagem!
E aquilo prendeu a atenção de João, e aquele senhor se despediu e foi embora.
Pois, aquela viagem começou a mudar seu sentido, viu e falou com tantas pessoas estranhas que parecia muito o que aquele senhor disse, vinham respostas para dilemas reais que estava vivendo e de fato não sabia como resolver.
Seis meses depois daquela viagem, muitas coisas mudaram na vida de João, principalmente o próprio jeito de ser dele. Se tornou mais receptivo, adorava falar mais com pessoas estranhas ao seu convívio, deixou de ser tão reservado.
E resolveu voltar a fazer a mesma viagem. Chegou novamente àquele local para tomar seu café; tinha esperança de reencontrar aquele senhor. Para sua frustração, ele não apareceu novamente. Até tentou perguntar para os funcionários do local se o conheciam, mas foi em vão. Saiu dali, seguiu seu destino e, mesmo sendo um local conhecido, trouxe novas respostas para situações atuais que vivenciava. João, no retorno, não era mais o mesmo, nem o local que foi; ali houve o inexplicável que só o mistério de nossas vivências responde, e nada melhor que se fazer uma ou várias viagens.

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