Joana, uma mulher que tinha uma carreira consolidada, construiu uma imagem como profissional competente e responsável. Tinha uma agenda de compromissos de tirar o fôlego, mas estava se tornando aprisionamento. Porque seguia um planejamento à risca, mas, se algo saísse fora do contexto, a desestabilizava.
Estar sempre online era crucial, principalmente no seu trabalho. Ela era ágil, respondia, mandava mensagens, fazia ligações sem pestanejar; a sua vida virtual fluía, e, junto a sua carreira. Mantinha ainda uma agenda física em que sistematicamente colocava: horários, reuniões e seus projetos, além do seu celular, que sempre estava por perto.
Mas algo a estava tomando de angústia e, por momentos, se via com dor no peito, sufocada e vinha uma vontade de chorar. Numa sexta à tardinha, saiu para tomar um café ela e sua amiga Antônia, depois de um ano sem elas terem tempo de se verem pessoalmente.
E a primeira coisa que disse para Joana: – Tu estás linda! Acompanho a tua vida, teu sucesso. Mas posso ser sincera?
E ela respondeu à Antônia: — Claro!
E a amiga continua: — Algo, Joana, não está te fazendo feliz! Mas isso só tu podes responder para ti!
Joana começou a chorar e deu um abraço na amiga, no fundo sabendo que ela estava coberta de razão. E foi para casa, desconectou-se da internet, deixou o celular de lado e, naquela noite, dormiu profundamente. De manhã, fez um café, um pão torrado com margarina e ficou mais tempo pensando no que Antônia disse para ela.
Aquele final de semana ficou totalmente of fline, sem saber o que acontecia no mundo, no seu trabalho. Foi na sua manicure, fez as unhas, arrumou o cabelo, foi ao mercado, demorou bastante ao fazer suas compras, sem a ansiedade de ficar respondendo e atendendo mensagens e ligações. Comprou algo especial para fazer domingo no seu almoço e, para sobremesa, um belo pedaço de torta de morango com nata.
Quando chegou à segunda, voltou a se conectar às suas redes, mas ainda não leu nada; deixou para fazer isso quando chegasse ao seu serviço. Na empresa, chamou sua secretária e comunicou: — Roberta, vou fazer uns ajustes. Preciso que tu me ajude, vou colocar aqui no meu WhatsApp, mas quero comunicar a todos aqui da empresa: não quero mais mensagens depois das 18h. No horário de 12h até as 14 horas, só vou atender e responder o que for muito urgente. E vou ficar online no trabalho de segunda a sexta; final de semana não estou mais disponível.
Tempos passaram, as mudanças foram gradativas, mas realmente a vida dela melhorou drasticamente. Joana era uma ótima profissional, mas precisava ter respeitada sua privacidade, e isso só se deu conta com o conselho sincero de sua melhor amiga!


