De um passado glorioso à pobreza
A Campanha Gaúcha, com suas coxilhas infinitas e um legado histórico que reverbera em cada querência, apresenta-se como um paradoxo. Berço de revoluções e de uma cultura forjada no pampa, a região transita de um passado glorioso à pobreza relativa. O esplendor dos grandes estancieiros e das charqueadas, que um dia concentrou vasta riqueza, não se traduziu em um desenvolvimento econômico diversificado e inclusivo ao longo do século XX e XXI. A dependência quase exclusiva da pecuária extensiva, embora tradicional e emblemática, mostrou-se insuficiente para impulsionar a região à frente, deixando muitas de suas cidades à margem dos fluxos de progresso vistos em outras áreas do estado.
Um povo Beligerante por natureza
Essa história de lutas e autonomia forjou um povo beligerante por natureza, onde a coragem e a resiliência são traços marcantes. No entanto, essa mesma têmpera, moldada por séculos de fronteira e conflitos, gerou também um individualismo acentuado e uma desconfiança arraigada. O senso de associativismo, pilar para o desenvolvimento econômico moderno e para a superação de desafios comuns, encontra barreiras significativas em uma população que, historicamente, aprendeu a se virar sozinha. Projetos coletivos e iniciativas de cooperação, essenciais para a competitividade em mercados globais, lutam para prosperar nesse ambiente.
O “ser gaúcho” na Campanha, acaba sendo conservador demais
Essa estagnação também se reflete na dinâmica familiar e sucessória. É uma realidade visível que os filhos esperam a herança da terra ou do negócio estabelecido, em vez de buscarem novos horizontes empreendedores ou de inovarem radicalmente nas propriedades existentes.
A Campanha Gaúcha guarda, riquezas imensas no subsolo
Além do vasto potencial para a agropecuária, a vitivinicultura, olivicultura e um turismo rural e cultural que apenas arranha sua superfície, a mineração se revela como uma fronteira de oportunidades.
Reservas de minerais estratégicos podem gerar empregos, renda e infraestrutura, desde que a exploração seja conduzida com responsabilidade ambiental e social, e os benefícios sejam distribuídos equitativamente na região.
O sucesso da região depende de união e ação
É imperativo superar as barreiras culturais do individualismo e da desconfiança. É preciso fomentar um novo perfil empreendedor, incentivar o associativismo em todas as cadeias produtivas e abraçar a inovação sem perder a essência. A união de forças entre produtores, empresários, governos locais e universidades será o motor para despertar a Campanha do seu sono e alçá-la ao patamar de desenvolvimento que sua história, suas terras e seu povo merecem.
Os desafios a serem suplantados na Região
Há uma notável carência de perfil empreendedor, uma herança histórica que reflete na baixa diversificação de negócios e ideias inovadoras. O associativismo, vital para o crescimento coletivo e a competitividade, mostra-se frágil e pouco explorado entre os produtores e comerciantes locais.
Cicatrizações de lutas e um isolamento do passado moldaram um povo por vezes desconfiado, que tende ao individualismo. Essa característica dificulta a união de forças e o engajamento em projetos comunitários e inovadores. Mas tudo pode mudar, desde que todos entendam onde está o problema, e desejem fazer as mudanças. Esse artigo é um resumo da palestra que fiz no Universo Pecuária em Lavras do Sul no dia sete de novembro, quando do Fórum da Frente pelo Desenvolvimento da Região da Campanha Gaúcha.


