Final de tardeinesquecível

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Tinha tudo para literalmente ser um dia comum na vida de Vitor. Era metade da semana, a segunda já tinha passado e ele estava cumprindo seus compromissos. Final de expediente, recolhe tudo e só pensava em ficar sossegado em sua casa, para ter fôlego no outro dia de trabalho. Ele tinha o costume de ir e voltar do trabalho utilizando o ônibus urbano, numa parada próxima ao seu trabalho. Era praticamente atravessar duas quadras e depois descer quase na porta da sua casa.
Aquele final de tarde foi distinto do que ele havia programado. Quando ia distraído pela calçada, ouvindo suas músicas para chegar perto da parada de ônibus, ele presencia uma cena. Uma senhora de cerca de sessenta anos de idade e um rapaz puxando sua bolsa, e outras pessoas sem fazer nada, e ela desesperada. Nisso, o rapaz consegue arrancar de vez e sai correndo. Vitor, sem pensar, corre atrás dele. E, quase perdendo o fôlego, consegue alcançar o rapaz e eles se envolvem numa luta corporal. Vitor estava perdendo e o rapaz quase fugindo novamente, foi quando conseguiu imobilizar o assaltante e recuperar a bolsa.
Os outros pedestres chamam a polícia. E, um senhor prestativo, vendo que Vitor sozinho não estava conseguindo segurar o rapaz, traz uma corda e imobiliza-o de vez, atando suas mãos e pés enquanto não chegavam os que realmente tinham que resolver a situação. Ele pede para eles ficarem ali, para devolver a bolsa àquela senhora que ficou machucada e no local onde ocorreu o assalto. Quando ela vê Vitor voltando com a bolsa, se rende de emoção, abraça-o e chora sem parar, falando o quanto aquilo era importante. Vítor, meio machucado, diz que foi sorte, que faria isso por qualquer pessoa.
Ela o interrompe, dizendo que o que tinha dentro da bolsa era muito valioso. Vitor pensou que se tratava de um valor alto em dinheiro, pois havia muitas agências bancárias nas proximidades. E ela, mais que imediatamente: — Não, meu filho, não se trata de dinheiro. É algo mais valioso que isso! Tem meu salário, que sou pensionista e saquei há pouco no banco. Mas o que me refiro é outra coisa e vem aqui pra ti ver! Ela abriu a bolsa e estava ali intacto o salário de sua pensão e, junto, um pacote. E ela explicou o que tinha dentro daquele pacote e que fim seria aquilo. Vitor viu que era algo de valor inestimável para ela.
Já era tarde, o ônibus já havia passado, deram suas declarações sobre o assalto aos policiais, depois ficaram de ir à delegacia. Chegou o filho da senhora, ofereceu uma carona para levar Vitor à sua casa. Na casa de Vitor, ela, querendo dar alguma recompensa em dinheiro, ele recusou, mas deixou seu número e pediu o dele para que entrasse em contato.
Passaram-se dias, ele nem se lembrava; vem uma mensagem da senhora pedindo para tomar um café. Ele aceitou e foram se encontrar. Ali, ela, depois do café, deu um envelope a Vitor, dizendo: — Isso é um agradecimento pelo tanto que tu fizeste aquele dia! E ele afirmando que não precisava, mas abriu o presente. Para sua surpresa, ali estava uma caneta gravada com seu nome, pois ele é auxiliar administrativo de uma empresa de marketing. E ela justificou, apenas um mimo por tudo que fez por mim e minha família.
E ele agradeceu e, curioso, perguntou: — Chegaram a tempo os remédios da sua mãe? E ela respondeu: — Sim, graças a Deus ela está bem de saúde. E sabe, meu filho, estava muito difícil de conseguir, por isso era algo mais valioso, precisava tomar aquela noite. Ela concluiu: — Meu filho, nunca perca essa coragem! Mas, também quando tu vires um assalto como o que sofri, também pensa em preservar a tua vida! Nos vemos em breve, e sou grato por tudo que tu fizeste pela minha família, especialmente pela minha mãe!
Foi outra tarde inesquecível para Vitor, agora pensando que deveria agir e ter prudência nos seus atos, mas sua coragem ajudou a salvar algumas vidas!

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