Jandira: uma mulher forte!

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Na pacata cidade de Santa Bárbara, morava Jandira. Ela era filha de agricultores, frequentou muito pouco a escola. E aos quatorze anos teve de começar a trabalhar em casas de famílias. Assim, iniciou sua vida, depois, aos dezenove anos, casou-se com Israel, que parecia um bom marido. Depois que ela teve o primeiro filho, ele mudou de temperamento e ficou agressivo. Quando ela estava na terceira gestação, quase perdeu a guria e resolveu logo em seguida que deu à luz dar um basta, terminando aquele casamento.
Achou outra casa bem distante de onde morava e começou vida nova com os filhos pequenos: um de 10 anos, Felipe, uma de 6 anos, Julia e Maria, de poucos meses de nascida. Israel sumiu no mundo, ninguém mais soube do seu paradeiro.
Aquelas crianças eram a vida de Jandira. Uma mulher decidida e trabalhadora, despachava-as para a escola e a pequena logo colocou numa creche. Antes contou com ajuda de amigos que lhe deram um amparo, nos tempos mais sombrios, logo depois da separação.
Passou tempo, na adolescência deles não abria a mão e dizia: “Vocês têm que estudar para ser alguém na vida e passar menos trabalho que eu!” Ela mais se preocupava em ver os filhos bem alimentados e tratados do que cuidar de si própria.
Os filhos, graças a Deus, eram diferentes do pai, generosos, ouviam a mãe e pareciam agradecidos pela vida que levavam, mesmo tudo sendo bem simples. Porque naquela casa podia ter poucas coisas, mas não faltava amor e carinho daquela mãe.
E nisso foram cinquenta anos e Jandira agora iria completar seus oitenta anos, batalhou tudo sozinha, nunca mais teve outro parceiro. Tudo que aquela mulher fez foi na força do seu braço e na obstinação do seu coração, sempre cuidando daqueles filhos.
Sem imaginar que teria uma festa surpresa, depara-se, ao chegar em casa, com os três filhos, sendo que Felipe, o mais velho, casado, pai de dois filhos, professor, Julia, a do meio, formada em pedagogia, trabalhava numa escola na cidade, não casou e a menor, Maria, seguiu a carreira de enfermeira e, é casada e teve dois filhos. Além de mais um monte de convidados e membros de sua família, seus amigos mais chegados e a aniversariante emocionada. O filho mais velho para a festa e vai ler algo:
“Mãe, a senhora sempre nos disse desde pequenos um ditado: que sangue faz a gente ser parente, mas só o amor de verdade sustenta uma família. Pois a Senhora nos criou cheia ou cheios de amor. Sozinha, o pai sumiu no mundo, só temos fotos e o que tu nos contou dele. Tu foste nosso pai e mãe, nosso sustento e abrigo e nosso maior incentivo. Maior orgulho temos de dizer que somos teus filhos. Hoje uma pequena comemoração por tudo que tu sempre serás para nós, o nosso maior exemplo!” Jandira, já com dificuldades de caminhar, mas muito emocionada, vai em direção aos filhos e netos e os abraça. E diz com a voz embargada diz algo que ficou marcado de ensinamento para todos naquele dia:
— Meus filhos, agradeço a festa. Mas, chegando aos meus oitenta anos, só pude criar e cuidar de vocês porque Deus me deu forças. Sou uma mulher comum, com pouco estudo. Mas sempre busquei ouvir e aprender o que a vida me ensinou. Mesmo não sabendo ao certo por que tantas lutas. Meu coração está feliz e calmo de ver vocês encaminhados e seguindo o caminho certo e do bem que no fundo sempre sonhei para cada um.
Jandira viveu mais doze anos depois daquela festa. Ainda muitos se lembram daquela mulher forte, simples. E, cujo nome jamais foi esquecido, que deixou um exemplo de obstinação a todos daquela família e para quem cruzou seu caminho.

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