No dia de hoje, Sérgio Moro deu o maior exemplo de ética da história moderna do Brasil. O ensinamento ministrado foi claro: os valores decorrentes do caráter e da integridade da pessoa devem sempre prevalecer, não importando a situação em que se encontre.
Ele tratou de forma pública a sua saída, colocando às claras os reais motivos do seu pedido de demissão, indicando a todos, mormente à classe política, como deve se portar um verdadeiro republicano.
A maneira como o ex-ministro se mostrou, altivo e humilde, demonstra que os altos cargos que exerceu nunca lhe subiram à cabeça.
Durante mais de vinte anos, foi estritamente técnico enquanto juiz, porquanto emitiu sentenças condenatórias e absolutórias em relação a quem quer que fosse, sempre com base na lei e nas provas do processo (bastando que se analisem as suas sentenças e audiências, o que está público na internet), ainda que isso não fosse entendido por aqueles que só veem política em tudo.
Mesmo tendo mudado a história do Brasil no que tange ao combate à corrupção na Operação Lava-Jato, Moro arriscou ao abdicar da magistratura, vindo a assumir o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública com o ideal de fazer um “algo a mais” pela nação, notadamente no combate à corrupção, ao crime organizado e ao crime violento.
Vale lembrar que foi ele o idealizador do “pacote anticrime”, lamentavelmente transformado pelo Congresso Nacional em pacote “pró-crime”, em razão dos diversos institutos jurídicos que foram deturpados no projeto, a exemplo do famigerado juiz das garantias.
Todavia, a despeito de ter feito muito enquanto ministro, Moro acabou se deparando com a forma espúria como é feita (e sempre foi) a política em nosso país, tendo reagido a isso e colocado os seus ideais de justiça e correção para falar mais alto.
Usar, de forma política, a bandeira do combate ao crime e à corrupção é medida extremamente reprovável, pois ignora os interesses da sociedade em prol de vantagens totalmente antidemocráticas. O combate ao crime é assunto sério e deve ser conduzido de forma sempre técnica e desprovida de ideologias, sejam elas políticas ou filosóficas, pois quem acaba sofrendo é o cidadão honesto que só quer trabalhar, pagar os seus impostos e viver com qualidade e segurança.
Moro foi vítima da maneira perniciosa de como a política brasileira sempre foi feita, desde a época do império, e que deve ser alterada, sob pena de sucumbirmos, cada vez mais, enquanto nação.
Que a atitude de Moro sirva de exemplo para toda a sociedade, principalmente para a classe política, pois os valores éticos são inegociáveis!
Diogo Taborda – Promotor de Justiça de Caçapava do Sul