Corria o ano fatídico do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, quando o Tribunal de Contas da União suspendeu o andamento de um programa de reforma agrária levado adiante pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Uma investigação do TCU apurou o monstruoso número de 578 mil irregularidades, desde o fornecimento de lotes para mais de mil políticos, 11 mil lotes para pessoas que já tinham lotes em nome dos cônjuges, 37 mil lotes dados a pessoas falecidas, e outras tantas barbaridades.
Este fato, apurado em 2016, que resultou num prejuízo de bilhões, era apenas a ponta de um iceberg que diversos lideres rurais do país, entre eles eu, vem denunciando a respeito da reforma agrária há mais de 15 anos. A violenta aventura feita pelo MST e pelo Incra para a desapropriação da Fazenda Southall, em São Gabriel, no ano de 2003, deixou atrás de si um rastro de irregularidades, violência, intimidação e uso inadequado de recursos públicos. Nos anos seguintes, o Rio Grande do Sul foi palco de invasões, denúncias de propinas para assentamentos, suicídio de pequenos agricultores e uma série de outras barbáries, todas elas ditadas pelo mesmo mito socialmente aceito da Reforma Agrária, uma solução do século 19 que já não cabe mais na agricultura do século 21.
Com a devida justiça, é necessário que se reconheça que o governo Temer foi fundamental para começar a estancar essa sangria, retirando da área de Reforma Agrária o status ministerial e colocando-a na pasta do Desenvolvimento Social. Agora, a decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro de nomear o presidente da UDR, Nabhan Garcia, para a Secretaria Nacional de Assuntos Fundiários, é um tiro de misericórdia, que vai estancar o desperdício de recursos públicos nesta área.
Nabhan é um líder rural do Brasil que produz, e que ao contrário do que diz a grande mídia, não é insensível ao drama de quem não possui terra e de fato deseja trabalhar nela. Com um produtor rural autêntico no comando desta área, afinado com a nova ministra da Agricultura, certamente teremos aquilo que é fundamental em qualquer país capitalista digno deste nome: uma democratização do acesso à terra para quem realmente tem vocação para fazê-la produzir, dentro de regras sérias, retirando do cadastro quem invadir ou depredar.
A despeito das narrativas que insistem em ser ecoadas por alguns órgãos de comunicação, é certo afirmar que nunca estivemos tão próximos de alcançar o sonho da paz no campo. Democracia e Paz estão no nosso horizonte.
Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul