No atual cenário de educação e onde as comunidades rurais são perdidas pela desestruturada aceleração urbana, é vital ressignificar personalidades que no século passado fizeram diferença no ensino nas comunidades rurais.
Pensando nisso, Lislair Marques Leão, promove a exposição “Professora Maricas – Um Século de Protagonismo Feminino no Ensino Rural”, no Espaço Cultural Legislativo, da Câmara Municipal de Caçapava do Sul, com lançamento no dia 8 de março, as 18:45h.
A exposição, com 20 imagens, é aberta a visitação pública até 8 de abril, das 9h as 15h, de segunda a sexta. É uma realização do Projeto Caminhos do Sul da América com apoio da Câmara Municipal de Caçapava do Sul e retrata a história educacional da professora Maria Miguelina Paz Leão, conhecida por Professora Maricas, e rastros de seus ensinamentos.
Professora Maricas
Um século de protagonismo feminino no ensino rural
Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, nesse ano de 2018, homenageamos a Professora Maria Miguelina Paz Leão – conhecida por Maricas – que nasceu em 03/04/1908, filha de Miguel dos Santos Paz e Maria Bitencourt Paz. Faleceu em 24/09/1984.
Filha do Professor Miguel – atuou como Professor domiciliar de 1890 a 1940, na região de Caçapava do Sul e arredores –, ela ingressou no magistério aos seus 16 anos, em 1924, como Professora Municipal. Em 1929, foi nomeada por concurso público para reger aula no âmbito estadual na então criada “Escola Isolada de Lanceiros”, localizada no 1º Distrito de Caçapava do Sul, a 9km da sede, onde atuou até se aposentar em 1959. Foi uma das primeiras Professoras de Caçapava do Sul e das poucas funcionárias públicas na primeira metade do século XX, neste município.
Casou-se, no início da década de 30, com Belizário Machado Leão, com quem teve sete filhos: Eloir, Valmir, Vilmar, Vilma, Valda, Valdeck e Valderi. As três filhas também foram educadoras rurais e iniciaram suas atividades na mesma escola.
A escola depois denominada “Escola Rural de Lanceiros” foi fundada pelo Decreto 1029, em 1º de março de 1929, com 29 alunos. Na década de 40 e 60 tem-se registro de maiores quantidades de alunos, chegando a 47 pessoas, em 1942. A partir da década de 70, por conta do êxodo rural, o número de alunos começou a decair e no final dos anos 80, a escola fechou por falta de alunos, chegando a meio século de atividade educacional rural.
Sua filha mais velha, Eloir Leão Marques, iniciou suas atividades em 1947, nesta escola e depois exerceu atividades na Escola Muncipal Santa Bárbara, de 1950 a 1976, na localidade do Santa Bárbara, em São Sepé.
A filha Valda Leão de Oliveira atuou no Lanceiros, de 1960 a 1961, depois exerceu suas atividades até se aposentar, em 1986, na “Escola Municipal Coronel Chananeco”, na localidade do Cerrito do Ouro em São Sepé, hoje denominada “Escola Municipal de Ensino Fundamental Coronel Chananeco – EMEF”, atualmente um centro de referencia de ensino rural na região.
A filha Vilma Leão de Freitas iniciou suas atividades 1962, no Lanceiros, na “Escola Rural de Lanceiros”. Atuou nesta escola até se aposentar, no final da década de 80.
A segunda geração da Professora Maricas tem-se, também, destaque eximias educadoras: a sua neta mais velha Lisleth (iniciou suas atividades como Professora do Pré, na década de 70, na Escola Santíssimo Nome de Jesus. Depois de passar pela Escola Estadual Dinarte Ribeiro, aposentou-se em escolas de Santa Maria). Livete Magali (atuou na rede estadual e aposentou-se pelo Colégio Militar de Santa Maria), Lislair(atuou em Caçapava do Sul na Escola Estadual Dinarte Ribeiro, na rede estadual em Curitiba/PR e no ensino universitário em Manaus/AM), Tânia Elizabeth (atuou como Diretora nas redes municipais e estadual de Santa Maria), Ana Suzel (atuou em Xanxerê/SC), Márcia Elisa (atuou na rede estadual de Caçapava do Sul e Santa Maria), Jaqueline (atuou em Caçapava do Sul), e Ana Flávia, neta mais nova e das últimas alunas da Escola Rural de Lanceiros, é atual Vice Diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora da Assunção e Professora na Escola Técnica Estadual Dr. Rubéns da Rosa Guedes – ETERRG –, em Caçapava do Sul.
A terceira geração tem atuação as Pedagogas: Juliana (Porto Alegre), Darlane (também formada em Letras, em Santa Maria) e Bibiana (atua em Campinas/SP).
Um legado feminino na luta pela educação, eis então!
Segundo alunos, a Professora Maricas foi um exemplo pela sua postura forte. Exercia autoridade com muita vibração, diferenciada no capricho pela caligrafia e deixou rastros espalhados de seus ensinamentos.
Desse modo, homenageia-se todas as Mulheres Educadoras Rurais do município, através da alusão histórica da Professora Maricas, no Dia Internacional da Mulher.
Texto: Lislair Marques Leão