Por Gabriel Haag
Da redação | Grupo A Palavra
Na época em que Lavras do Sul, na região da campanha, completa mais um aniversário, a reportagem fez uma entrevista com Gujo Teixeira, que é um dos maiores nomes do cenário poético e musical do Estado.
Em um bate-papo bastante tranquilo, nosso convidado teve uma conversa direta com os leitores, um assunto vindo de Lavras, direcionado para Lavras, com direito a, até mesmo, um verso. Uma prosa boa, repleta de amor por um município. Confira!
Gujo Teixeira começa, comentando mais sobre Lavras do Sul, de acordo com seu ponto de vista. “Bueno. Lavras foi a terra me escolheu, a minha escolha já estava vinculada a ela. Minha família é toda lavrense, apesar de ter nascido em Porto Alegre, hoje tenho esta terra como minha. A sua hospitalidade acho que é o seu melhor ponto, uma cidade pequena que não tem muito ao que oferecer em estrutura ou opções, acaba tendo no seu povo o seu maior valor.
Acredito muito no agronegócio, ainda e sempre, como fonte geradora de sustento para o município, temos vocação e a pampa preservada para se fazer pecuária com respeito a este solo. E acho que temos, senão o melhor, um dos melhores parques de comercialização de gado do Estado, no nosso sindicato Rural”, disse.
A seguir, nosso entrevistado aborda sobre temas ligados ao amor por sua cidade. “Sempre ambientei a minha escrita em lugares que conheço. E esta terra onde vivo, conheço muito bem, o campo onde resido alguns dias da semana e trabalho me dão este horizonte visual para compor sobre ele, cada cena que descreve em verso tem muito do lugar que vivo e das coisas que vejo e vivencio. A cidade com seu casario antigo, pedras e gente de sorriso franco também me subsidia de poesia quando preciso”, revelou.
Sobre os dias atuais, Gujo comenta sobre os potencias de Lavras do Sul. “Acho que estamos sempre em situação de expectativa. Quando não é o asfalto pra Bagé, é alguma empresa que possa alavancar um progresso duvidoso, que teremos ou não. Lavras tem potencial para ser um pólo mineral certamente, mas tudo que vem para o bem, sempre trás junto algo que pesa nos ombros da população em algum momento, esperamos que o nosso fardo com o progresso seja leve. No más seguimos sempre de olhar atento e braços abertos aos que chegam”, salientou.
Agora, nosso convidado aborda sobre o agronegócio lavrense. “Vejo muita coisa ser dita e pouco ser feita. Hoje a soja vem tomando conta de lugares que antes só se via gado, campo produtores de carne. Vem mudando um pouco o perfil do proprietário dos campos de Lavras.
Gente de fora vem comprando terra e trazendo a planta pra o nosso município, acho isto totalmente correto e agregador, porém temos ainda no Estado a maior área de Bioma Pampa preservado, e eu gostaria de ver isso, ainda desta forma por mais tempo”, comentou Gujo Teixeira.
Ao ser convidado a falar sobre o seu amor pelo campo, Gujo optou por deixar um verso como resposta. “Acho que com um verso te digo bastante disso”:
“Eu cuido bem do meu jeito,
pois sei daquilo que falo,
o campo é quem nos garante,
ovelhas, bois e cavalos.
É a sua essência de terra
que me faz, tão bem assim…
Eu faço parte do campo,
e ele faz parte de mim.
Por isso que há de ficar,
pra cada um, que virá,
o amor por estes campos,
que a gente sempre terá…
Pois tem um fato, que creio,
e rezo sempre pra Deus:
-Quem tem o campo no sangue passa esse sangue pra os seus” (Gujo Texeira)
Ao final da entrevista, nosso convidado deixou uma mensagem aos nossos leitores. “Sempre acreditei nas coisas certas, e sei que se cada um fizer um pouco das coisas certas, um dia se desentorta este mundo que anda bastante complicado. Acredito também que se as pessoas tivessem um pouco mais de acesso a cultura os nossos dias seriam mais leves”, finalizou.