(Texto e fotos: William Brasil)
A noite foi de choro, mas um choro de emoção da retomada do Carnaval, da emoção de estar de volta o brilho de um dos maiores espetáculos culturais do mundo e que celebra as diversidades (de classe, de raça, de gênero, religiosidade).
O primeiro choro veio ainda nos bastidores, do Rei Momo, Osvaldo de Oliveira, que lembrou de sua irmã, Lurdes (parceira nossa de tantos carnavais) que não está mais conosco fisicamente. Mal sabia ele que horas depois ganharia o prêmio de Rei Destaque do Carnaval do Rio Grande do Sul pelo conjunto da obra (Rei Momo vitalício há mais de 4 carnavais, por ser um dos mais longevos em idade no posto e pela fantasia, assinada por Rafhael Munhós).
Ainda antes de desfilar, outro choro contido, de estreia no estadual, da Rainha Infantil caçapavana, Nicolly de Oliveira Ferraz, que veio as lágrimas na entrada da passarela e subiu e sambou lindamente para os mais de mil convidados no Avenida Tenis Clube de SM, sob os olhares de sua mãe, Maju, também Rainha e que havia participado do último concurso do estado.
Quem mostrou toda sua força, e não chorou, mesmo quando a coroa, cravejada em milhares de strass se desprendeu e quase caiu de sua cabeça, foi a Rainha Juvenil caçapavana, Kauane dos Santos Batista. Sabe a frase que saiu das redes sociais pro dicionário, “segura essa coroa, princesa”, foi o que fez, e deu um show com a coroa na cabeça, com auxílio das mãos, levando o público a aplaudir freneticamente sua apresentação.
A Rainha caçapavana adulta, Ketellyn, estava concentradíssima, focada. Subiu ao palco com uma fantasia de uma Rainha Africana, com sua beleza evocou sua ancestralidade, “flutuou” no palco. Até o último minuto, corria nos bastidores que era uma das favoritas ao prêmio (de alto nível de disputa) e que não veio. Ketellyn chorou, não de decepção, mas por, graças ao seu tio, Rafael (que sempre a acompanhava nos concursos municipais, onde ela já havia sido realeza das cortes infantil e juvenil), mas, que, em 2020, em meio a Pandemia e cancelamento dos carnavais no país, ele faleceu, e fez com que ela não quisesse mais participar. E, neste ano de 2023, após decidir ir para homenagear ele, ela se tornou Rainha de Caçapava do Sul. Nossa Rainha, e, ontem, chorou por lembrar esse momento e sua ancestralidade e amor pelo tio e pelo Carnaval!
E os choro, de alegria por vivenciar tudo isso não pararam por aí, mesmo os mais contidos da equipe, ali na torcida, do Secretário Stener Camargo e seu adjunto Erni Rocha; do coordenador de Comunicação William Brasil; do figurinista responsável pelas fantasias de Caçapava neste ano, Rafhael Munhós; da equipe de maquiagem (Fernanda Camargo) e Jôocilaine Luiz -Jô Dança (Coreógrafa); das mães das candidatas, familiares, amigos e integrantes das Escolas de Samba de Caçapava do Sul -que mandaram representantes e que fizeram a festa, literalmente, animando a todos nesta edição do Concurso de Rei e Rainha do Carnaval do Rio Grande do Sul. Foi uma noite emocionante e histórica para Caçapava do Sul.
