Uma viagem dos extremos

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Foram apenas 11 dias e 5.000km rodados, com alguns dias percorrendo mais de 600 quilômetros, começa em Caçapava do Sul no dia 20 em direção a Passo de Los Libres divisa com Uruguaiana, cidade de início da viagem em território argentino, tendo como destino a cidade de San Pedro do Atacama no Chile. Foram quatro motos rodando por lugares que variavam bela beleza ou pela questão inóspita, principalmente no deserto Chileno que é o mais seco do mundo. Pegamos hora muito frio e chuva ao cruzar as Cordilheiras dos Andes, quase congelamos quando chegamos aos 4.800 metros de altitudes, por outro lado ainda na ida quando cruzamos a região mais quente da Argentina que se chama Charco ou Pampa Del Inferno no norte, tivemos sorte de pegar alguma chuva que refrescou um pouco o calor, mas na volta saindo da cidade de Jujuy que fica na fronteira com o Chile pegamos uma região com calor extremo, temperaturas que batiam nos 50 graus ainda no final de tarde, muita seca e falta de comida para os animais, muitos mortos a beira da estrada, rebanhos inteiros de gado, uma tristeza. Segundo informações essa é uma das maiores secas da Argentina nos últimos 62 anos, são mais de 175 milhões de hectares atingidos, devastando pastagens e plantações.
No Chile a região que fomos é um deserto, lá chove apenas 5 milímetros por ano, sendo o deserto mais inóspito do mundo, pouca coisa sobrevive lá, o que você verá lá é uma imagem quase lunar que começa no norte da Argentina e vai até a divisa com o Peru, onde apenas minério é extraído e o turismo é a outra fonte de renda da região. No deserto do Atacama é considerado o melhor lugar do mundo para explorar o universo através de telescópico em função da baixa concentração de umidade no ar o que permite ver através dos telescópios em grandes distancias, não é por acaso que lá está sendo construído a segunda base de telescópio chamado de Telescópio Gigantes de Magalhães que será capaz de explorar o universo com extrema precisão, segundo o que ouvi de uma das pessoas que está trabalhando no projeto, o telescópio que já existe permite ver uma pessoa em tamanho natural na lua, esse novo permitirá ver uma pessoa em marte tamanha a sua potência, nele estão trabalhando vários países como Japão, Estados Unidos, China, Chile.
Falando de Argentina, a primeira coisa que sentimos foi a desvalorização do peso, nossa moeda vale muito lá, por isso andar na Argentina é bem mais em conta que no Brasil, gasolina mais barata, alimentação, hospedagem, ficamos ricos lá (rsss), mas por outro lado a pobreza é visível, cada vez que passo na Argentina percebo o envelhecimento da frota de carros e maquinários agrícolas, as cidades pequenas são simples, casas comuns, muitas feitas de barro, pessoas simples e pobres. Na Argentina a região mais ao norte a partir de Corrientes é parecida com o nosso nordeste brasileiro na parte interiorana.
Estradas continuam sendo ótimas, tanto na Argentina quanto no Chile, basta entrar no Brasil para perceber o quanto estamos atrasados em estradas, asfaltos com defeitos, buracos e remendos horríveis, acostamentos cheios de matos o que dificulta a visão do piloto, sem contar com a velocidade, na Argentina normalmente a mínima é 110 km por hora, tem auto pistas que a velocidade é maior, mas se consegue dirigir com segurança dada a qualidade da pista e a visibilidade nas laterais.
Finalizando, essa foi a terceira vez que vou ao Deserto Atacama, a primeira cruzei e fui até Antofagasta depois dei a volta pela costa do pacífico em direção a capital Santiago, descendo até Mendoza na Argentina, vindo pela região de Rosário, a segunda vez foi na viagem a Machu Picchu no Peru, cruzamos todo o deserto do Atacama de ponta a ponta. Vale a pena conhecer, mas vá preparado para os contratempos, clima e altitude.

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