Momento pode ser oportuno para que pecuaristas focados na criação e engorda investirem em genética
O mercado pecuário gaúcho é marcado, no começo deste mês de novembro, pela realização da ExpoLavras. A feira acontece de 02 a 07 de novembro e levanta a expectativa de que os animais sejam negociados com preços um pouco melhores que aqueles registrados nos remates que ocorrem regularmente naquela cidade – um dos centros deste tipo de atividade no interior do Rio Grande do Sul.
No último remate realizado antes do evento, em 31 de outubro, o preço médio pago pelo quilo do terneiro foi R$ 7,44. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Lavras do Sul, Francisco Abascal, é difícil projetar valores para as vendas durante a feira, mas ele espera ver uma reação do mercado comprador. Já o leiloeiro Renan Delabary detalha que o evento atrai animais diferenciados, que costumam ser mais valorizados.
O presidente do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, Christian Schievelbein, observa que o mercado comprador gosta de animais bem apresentados. Em sua avaliação, o ciclo de baixa da pecuária já passou seu pior momento, mas uma retomada mais forte de preços pode tardar até dois anos para acontecer. Com isso, diz ele, o pecuarista dedicado à criação e engorda tem a oportunidade de investir em genética, melhorando os terneiros que serão vendidos a partir de 2025.
Especialistas convidados pela Cotrisul para palestrar aos associados na segunda-feira, dia 30, em Caçapava do Sul, apontaram duas questões centrais para que os criadores consigam enfrentar este momento de baixa no mercado pecuário e se destacar em eventos como o deste final de semana. A primeira é investir no manejo adequado do rebanho e a segunda, fazer uma gestão “sistêmica” da propriedade.
O foco, explicou o consultor técnico Rodrigo Baiotto, precisa estar no planejamento produtivo voltado para suprir as exigências nutricionais de cada categoria do rebanho. Para tanto, ele afirma que é necessário planejar metas e observar indicadores de produção e de gestão do negócio.
Ao que a zootecnista da Cotrisul, Evellyn Scherer, acrescenta: “Um animal bem nutrido e com suas exigências nutricionais e sanitárias em dia tem um desempenho reprodutivo melhor, tem maior ganho de peso, tem melhor desenvolvimento muscular e ósseo (no caso dos filhotes), além de ficarem menos suscetíveis a doenças e parasitas”.
A experiência de alguns associados da cooperativa, corrobora a recomendação. O pecuarista José Itamar Zago dos Santos, da Cabanha Paraíso (de Santana da Boa Vista), se dedica à raça Brangus há 13 anos e conta que seus resultados melhoraram quando aliou a pastagem nativa com as rações da Cotrisul, seguindo as recomendações técnicas. Animais apresentados por ele foram premiados na ExpoFeira de Caçapava do Sul.
“Vendi touros de três anos com 820 quilos, em média. Os animais de dois anos, chegavam a 700 quilos. Estava me preparando para participar da ExpoLavras, mas acabei vendendo tudo antes”, conta ele.
Resultados semelhantes teve o associado Vinícius Só Porto, da Cabanha Madrugada (na região do Barro Vermelho, em Cachoeira do Sul). O criador de Angus e Ultrablack teve animais reconhecidos em Caçapava, Cachoeira, São Sepé e em Esteio. A dupla Grande Campeã da raça Ultrablack da Expointer foi apresentada por ele. Animais de dois anos com 805 e 840 quilos.
“Neste ano, consideramos que o preço alcançado com os touros foi razoável, apesar da baixa do mercado. A queda é grande, pois o Estado tem recebido muito gado do Brasil central. Mas o pessoal que compra para criar quer animais diferenciados. Preço não foi tão alto com relação aos outros anos, mas olhando o cenário geral, foi bom. Esperamos que melhore o mercado da carne gaúcha”, avaliou ele, que completou: “Confio muito no trabalho da Cotrisul. Os nossos resultados melhoraram muito quando passamos a contar com a assistência da zootecnista”.
P/ Ass. Imp. Cotrisul