Um cadáver providencial para os socialistas

Colunistas Rural

Um importante historiador europeu chamado Emmanuel Fureix, publicou em meados de 2014 uma obra infelizmente ainda sem tradução em português: “La France des larmes: deuils politiques à l’âge romantique, 1814-1840” (algo como “Lágrimas da França: Tristezas Políticas na era romântica, 1814-1840”, em que analisa o fenômeno da transformação dos funerais de opositores à monarquia em verdadeiros atos políticos, por motivação principalmente dos jacobinos, a militância de esquerda da época, a tal ponto que nasceu naqueles dias a expressão “funerais de oposição”. Portanto, o uso da comoção popular gerada pelo luto para fins políticos é uma praga que tem história, e que vem de longe.
O Brasil de 2018 está assistindo a uma retomada dos “funerais de oposição” dos jacobinos franceses. A comoção gerada pelo covarde assassinato da vereadora Mariélle Franco no Rio de Janeiro, vítima evidente de descontentes com a intervenção federal na segurança pública do Estado, agora serve de alimento às causas de uma esquerda que andava acuada e agressiva, às voltas com a possibilidade de prisão iminente de seu líder mais influente. O motorista Anderson Gomes, que fazia um “bico” pra sustentar a família, mal é lembrado nos noticiários. Somente a nobreza da esquerda merece destaque. Negra, favelada, bissexual e dona de um salário de R$ 17 mil. Nenhuma palavra sobre os negros que morreram vestindo a farda da Polícia Militar ou do Exército nas operações de ocupação. A coisa em si é tão bizarra, que nas mobilizações em homenagem à vereadora, o coro mais ouvido, ao lado de “Fora Temer” (só falta acusarem-no de mandante do crime), é o lema “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”. Note-se, a vereadora não criticava o narcotráfico. Não criticava nem mesmo as milícias, bandos de criminosos que muitas vezes são policiais ou ex-policiais. A sua luta política era contra a corporação instituída para defender o povo do seu Estado.
De tempos em tempos, a esquerda precisa usar os mortos para manipular os sentimentos dos vivos. Foi assim quando usaram Chico Mendes e a freira Dorothy Stang, contumazes defensores de invasões de terras e agressões a fazendeiros, com cujas mortes constrangeram o país todo diante do mundo. Marina Silva, a ambientalista dúbia, ganhou sua primeira eleição como “viúva” política de Chico Mendes. Depois, tentou ser a “viúva” de Eduardo Campos, mas não foi muito longe. Agora, ao cadáver de Martielle juntam-se vários viúvos: Lula, Marcelo Freixo, Guilherme Boulos, todos muito certos que o sangue de Martielle irá render dividendos para suas trincheiras contra a ordem institucional do país.
A esquerda se alimenta do sangue. E do sangue dos seus.

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente do Sistema FARSUL

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