Crime, Feminicídio e Sociedade: insights

Colunistas Geral


Luiza Rosso Mota


Quando a comunidade desperta para o contexto de criminalidade, notadamente, a partir de crimes de comoção social, como aquele ocorrido no dia 07 de outubro de 2020, nesta cidade de Caçapava do Sul, perpassam muitos questionamentos. Histórias de amor, afeto e amizade, terminam em segundos. Alguns fatos são inconcebíveis enquanto outros nem tanto, a depender de cada indivíduo e de sua cultura. Neste sentido, os fatos atuais levam a refletir sobre a qualificadora do feminicídio, inserida na legislação penal a partir da busca por uma maior proteção às mulheres. Mais do que isso, instigam a população sobre as relações em sociedade, diante de um crime e de um suicídio, envolvendo duas pessoas muito queridas na comunidade Caçapava. A partir deste cenário, a complexidade sobre a eficácia de uma legislação criminal torna-se tema em debate, pois a questão deve ser refletida para além da legalidade. Isso porque a herança patriarcal afeta a todos indistintamente e inconscientemente, tanto mulheres quanto homens, independentemente das informações que chegam até os meios de comunicação. Os sinais estão sempre presentes, ainda que obscuros. Não obstante, entende-se que esta tragédia gera muitas lágrimas, mas, de outro lado, demonstra a imprescindibilidade de repensarmos algumas posturas ainda presentes na sociedade, inclusive, as distâncias entre o texto da lei e o contexto – realidade sociocultural -.

Que a força coletiva seja capaz de não julgarmos os outros e ao mesmo tempo seja propulsora de mudanças, especificamente, no tocante à quebra do paradigma cultural patriarcal. Eis algumas colocações prévias para reflexão com o intuito de abrir-se um novo debate.

Advogada Criminalista e Professora Universitária

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